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“Novo normal” Teremos um “novo turista” pós-pandemia?


Fortalecimento do turismo regional e novos aspectos de valorização de experiências. Como está sendo esperado o “novo turista” pós-pandemia?


O turista não é novo turista, mas novo cidadão. Levamos meses para compreender que não haverá retomada. Houve uma disrupção e a sociedade não voltará como era. O ‘novo normal’ chegou efetivamente e precisamos praticar certa fisioterapia social, no sentido de encontrar formas diferentes de conduzir nosso cotidiano com segurança.


Dessa forma, a própria Organização Mundial do Turismo indica a retomada pelo turismo regional e rodoviário, especialmente em carro próprio. No âmbito brasileiro é preciso pensar em 200km ou 300km de raio, pois dependendo das condições das estradas, essa é a distância média para um turista se ausentar e retornar rapidamente se sentir inseguro ou com sintomas do próprio Covid-19.


Outra discussão importante é que precisamos revisar os protocolos de higiene e biossegurança dos empreendimentos e comunicar isso de forma clara: para clientes e colaboradores.

Um cliente inseguro pode resultar em um comentário ruim nas redes sociais ou um colaborador infectado pode contaminar seus colegas. Ambas as situações comprometem o funcionamento do negócio.


Além disso, depois de tantos meses de restrição de mobilidade, as atividades ao ar livre que proporcionem experiências junto à natureza serão altamente valorizadas.


Negócios mais sustentáveis, produtos, serviços e destinos que tenham valores culturais locais? Inovações em experimentação e tecnologias? Quais lições podem ser pensadas para as empresas do trade?


A princípio existe um excesso de informação à disposição da sociedade, de maneira que serão valorizados profissionais e empresas que realizem a intermediação da informação afim de oferecer segurança aos stakeholders de cada negócio no turismo, cujo produto é altamente intangível e dependente da informação.


Nesse sentido, as parcerias são essenciais, seja com agentes de viagens para comercialização, ou se aproximando mais de seus fornecedores e parceiros para alinharem estratégias e linguagens.


Nesse sentido, de excesso de informações e necessidade de parcerias, a principal lição que precisa ser aprendida de uma vez por todas pelos empresários do setor é a revolução que a tecnologia trouxe para o turismo. Assim, é preciso entender qual o valor sua empresa oferece à sociedade e construir relações a partir daí, usando as redes sociais – e os bancos de dados gerados por ela – para alavancar seus negócios.


A pandemia trouxe uma oportunidade dessa compreensão para as organizações do setor de serviços com negócios altamente experienciais, como o turismo e o lazer. Nesse contexto, se a busca por inovação será em produtos sustentáveis, mais autênticos no âmbito da cultura ou altamente tecnológicos, só as relações construídas com clientes poderão indicar.


Curitiba é um destino reconhecido por viagens corporativas e congressos, com o segmento de lazer em alta. Como revisar os modelos de negócios para a superação da crise?


A chave aqui é entender que a pandemia gerou uma aceleração de tendências, ou seja, algumas interfaces tecnológicas e de comportamento do consumidor foram colocadas e são realidades agora.


No setor que conhecemos como MICE (meetings, incentives, conferences, exhibitions), por exemplo, antes da pandemia tínhamos eventos que projetavam alguns momentos para participantes remotos e agora haverá uma inversão: o público remoto será a maioria, de maneira que empresas do setor deverão investir em tecnologia e serviços específicos como cenários, iluminação, equipamentos de transmissão.


Pesquisa da Travel Lab (Panrotas/Mapie) divulgada em julho que entrevistou cerca de 400 viajantes detectou que cerca de 64% não pretende participar de eventos com mais de 100 pessoas até ter confiança no controle da pandemia; estamos indo ao encontro dessa necessidade de reinvenção do modelo de negócio.


Quanto ao turismo de lazer, os empresários precisam compreender a importância da imagem do destino e essa relação com os negócios nele presentes. Se o Paraná não for reconhecido como um destino seguro, o esforço individual por setor (hospedagem, A&B, eventos, agenciamento e operação, etc.) e/ou de cada empreendimento, será em vão.

Em turismo temos uma máxima de que todo destino tem uma imagem: por ação ou por omissão. É preciso agir para construir essa imagem por ação e assim atrair os turistas com os perfis certos para nossos destinos e negócios. Esse processo da imagem exige monitoramento e presença nas redes sociais.

Vacina ao Coronavírus

Minha visão particular e positiva para quando tivermos uma vacina – o desafio é sobreviver tanto em termos de saúde quanto econômicos. Entretanto, é possível que muitos turistas tenham construído poupanças compulsórias, bem como represado sua vontade de viajar.

Assim vale o esforço dos empreendimentos que puderem se manter, pois terão um grande fluxo turístico para atender.

juliana medaglia

Entrevista com Juliana Medaglia – professora e pesquisadora do Departamento de Turismo da Universidade Federal do Paraná. Coordenadora do OBSTUR/PR.








Turismo paranaense


Faturamento

28,4% dos respondentes indicou perdas de 75%

36,7% perdas entre 51 e 75%

31% estimam perder entre 26 e 50%

Apenas 2,3% das empresas paranaenses indicaram faturamento estável no ano de 2020.

Setores de alimentação, agenciamento e hospedagem relataram, em sua grande maioria, que a retomada só ocorrerá a partir de 2021.

Demissões

Setores que mais demitiram em números absolutos

Hospedagem (14,9%)

Agências de viagens (8,9%)

Restaurantes (6%)

Além disso, constatou-se que quanto maior o porte da empresa, maior foi o número de demissões.

(Fonte: pesquisa do OBSTUR – abril 2020)

OBSTUR/PR

O Observatório de Turismo do Estado do Paraná – OBSTUR/PR é um núcleo de estudos e pesquisas do Departamento de Turismo da Universidade Federal do Paraná (DETUR / UFPR) e tem como objetivo desenvolver o turismo de forma sustentável, facilitar o planejamento e a gestão pública e privada da atividade.

Turistas & Negócios

A Organização Mundial do Turismo trouxe ainda em maio uma previsão de cenário indicando 3 realidades distintas de acordo com a retomada do turismo em cada destino/empresa e a queda do número de turistas.

Destinos e empreendimentos que retomaram seu fluxo a partir de julho teriam redução anual de 58% no número de turistas. O retorno a partir de setembro traria queda de 70% e os negócios com volta para dezembro veriam redução de 78%.



Créditos: Artesania


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